Estágio e carreira

Mães no mercado de trabalho: qual o cenário atual e o que pode melhorar?

Não deveria ser tão difícil ser mãe e fazer parte do mercado de trabalho. Mas ainda é e você precisa saber os porquês disso.

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Sim, em pleno 2023, ainda precisamos falar sobre a discriminação contra mães no mercado de trabalho, pois você com certeza também conhece algum caso como esse:

Uma executiva que trabalha em uma firma de investimentos está em busca de encontrar o equilíbrio entre suas vidas profissional e familiar. Casada e mãe de dois filhos, ela corre de um compromisso para o outro, tentando dar conta de tudo sozinha e manter todos felizes e satisfeitos ao seu redor. Seu trabalho, no entanto, inclui viajar e ficar dias longe de casa, o que sempre a faz se sentir culpada, apesar de gostar do que faz e ser muito talentosa.

Esta é a sinopse resumida do filme Não sei como ela consegue (2011), mas poderia ser a descrição da vida de inúmeras brasileiras. Com a pressão colocada pela sociedade, o título diz exatamente o que pensamos.

Só que há um problema com ele: não deveria ser tão difícil assim ter uma carreira e ser mãe, ou conciliar maternidade e estudos. E é sobre as disparidades de gênero que existem no mercado de trabalho que nós falaremos neste artigo.

Cenário atual das mães no mercado de trabalho

Pesquisa feita apenas com casais heterossexuais em união estável em 2022 revelou dados alarmantes. Antes do nascimento de um filho, 70% dos homens em idade ativa estavam no mercado de trabalho, contra menos da metade das mulheres na mesma situação.

Após o nascimento, essa desigualdade quase dobrou, passando de 21 para 50 pontos percentuais. Sem falar que, demora cerca de 18 anos para a mulher recuperar as posições perdidas: tempo que não à toa é a idade em que adolescentes alcançam a maioridade civil.

Outro levantamento também evidencia esta situação. Neste experimento, foram analisadas as faixas etárias das mulheres, independentemente de seu estado civil.

Os resultados mostraram que aquelas entre 31 e 40 anos, das quais 70% têm filhos, são as que encontram mais dificuldades para se reinserir no mercado de trabalho. Quase 60% delas procuraram por emprego nos últimos cinco anos e apenas 21% não encontraram problemas para serem contratadas.

Além disso, entre as que conseguiram, nenhuma tinha filhos menores de cinco anos. E 36% afirmaram que o obstáculo para se recolocar foi exatamente as idades de seus filhos estarem abaixo desta faixa.

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Políticas públicas e empresariais para apoio às mães

O direito à licença maternidade é assegurado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde 1943. A princípio, a mulher podia afastar-se por apenas 84 dias após o nascimento do filho.

Depois, em 1988, aprovaram a extensão para 120 dias e, em 2008, o Governo passou a oferecer incentivos fiscais às empresas que oferecessem seis meses às mães.

Por decisão do Supremo Tribunal Federal, até 2011, casais homossexuais recebem os mesmos direitos de casais heterossexuais. Assim, em uma família formada por duas mulheres, quando há gravidez, adoção ou outro fato gerador, somente uma delas recebe licença maternidade.

Mas, em 2022, aprovaram um projeto de lei que institui a licença parental remunerada de 120 dias para mães, pais e qualquer pessoa em vínculo socioafetivo com a criança. Caso seja sancionado pelo presidente, este PL vai melhorar a situação das mães com parceiras ou parceiros.

No âmbito privado, algumas empresas já oferecem creches para que as mães possam deixar seus filhos durante o expediente. Outras, após a pandemia, mantiveram a flexibilidade de horários e a opção do trabalho remoto. Estas são mudanças que acolhem em especial as mães solo.

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O que pode melhorar?

Políticas públicas, como a ampliação do número de escolas, e ações empresariais que impeçam a demissão após a volta da licença maternidade são importantes. Mas o que precisa melhorar urgentemente é a nossa cultura como um todo.

Afinal, há uma discrepância enorme entre as expectativas sociais que são direcionadas aos homens e às mulheres.

Em geral, espera-se exatamente o que é retratado no filme mencionado anteriormente: que é delas o papel de cuidar da casa e dos filhos. Assim, se desejam ainda por cima manter  uma carreira, é melhor que deem conta de tudo, para não decepcionar ninguém.

E este sexismo também afeta os pais. A Ipsos conduziu uma pesquisa sobre a vida doméstica e o Brasil ficou em terceiro entre 27 países analisados. Segundo os resultados, 26% dos brasileiros acreditam que o homem que fica em casa para cuidar dos filhos é “menos homem”.

Somente assim CEOs, líderes de equipe e profissionais de RH serão capazes de perceber que ter mães no mercado de trabalho é na verdade um privilégio. Aqui estão três dos vários benefícios:

  • São profissionais com várias soft skills avançadas, como empatia, resiliência e gentileza;
  • Estão acostumadas a gerenciar crises, administrar horários e intercalar atividades;
  • São mais engajadas com a agenda ESG, que é o alicerce das empresas do futuro. 

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