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Faculdade depois dos 40: combate ao etarismo e superação de desafios

Se você não sabe o que é etarismo, provavelmente também não vai saber como combatê-lo no dia a dia. Então, venha aprender sobre o assunto neste artigo!

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Em março de 2023, milhões de brasileiros fizeram viralizar o vídeo de três estudantes hostilizando uma colega de sala por conta da sua idade. “Era para estar aposentada”, “40 anos não pode mais fazer faculdade”, “Eu tenho essa opinião” e “Ela não sabe o que é Google” foram algumas das falas gravadas e postadas, que revelam um problema sério: o etarismo.

O caso aconteceu em Bauru, interior de São Paulo, e não demorou muito para a  publicação ganhar proporções nacionais. Com a repercussão, a aluna mencionada no vídeo, enfim, decidiu se manifestar. Em sua entrevista, Patrícia contou que ficou bastante abalada com o que aconteceu, mas que nada a faria desistir de seu sonho.

Além de sua força de vontade, ela também contou com o apoio de outros colegas de sala e até de outros cursos, que lhe deram presentes no dia seguinte ao acontecido.

Para a Afya, a mera possibilidade de que alguém desista da graduação por conta desse preconceito fez soar um alerta.recisávamos falar sobre o assunto. Se você não sabe exatamente o que é etarismo, provavelmente também não vai saber como combatê-lo no dia a dia. Então, acompanhe a gente neste artigo, que está cheio de informação bacana!

Afinal, o que é etarismo?

Etarismo é a discriminação e o preconceito relacionado com a idade de alguém. Ele se traduz de várias formas como, por exemplo, pela ideia de que pessoas mais velhas são menos capazes, merecem menos respeito e/ou não podem frequentar certos espaços.

Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o etarismo costuma aumentar a cada ano que a pessoa envelhece. Ou seja, quando não cortado na raiz, esse problema acaba escalando para níveis cada vez piores.

Como toda forma de intolerância, o etarismo também pode resultar em violência verbal, física e psicológica. Mas existem também consequências “invisíveis”, como você verá a seguir.

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Consequências da discriminação por idade

Em primeiro lugar, essa forma de preconceito afeta a saúde mental das pessoas mais velhas, pois a subjugação pode levá-las a desenvolver baixa autoestima e à perda de perspectiva na vida. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que a população entre 60 e 64 anos é a mais afetada pela depressão.

Por que isso, infelizmente, não surpreende? Porque os valores da sociedade ocidental estão fortemente ligados à carreira, crescimento profissional e ser bem-sucedido financeiramente. Então, quando conseguem se aposentar por tempo de contribuição, muitas pessoas acabam ficando sem norte, com a sensação de que não são mais úteis. 

Nesse sentido, a discriminação passar a ter dois efeitos negativos. Além de intensificar esse sentimento de insuficiência, ela ainda cria uma barreira para o indivíduo que gostaria de tentar coisas novas, mas sente que “seu tempo já passou”. 

E o que pouca gente nota é que isso também traz problemas para a juventude, como a Geração Z, no mercado de trabalho. Afinal, se o lugar de pessoas mais velhas é somente o de ensinar e liderar, nenhum jovem está pronto para exercer tais funções, sendo seu papel apenas de ouvir e aprender. 

Por fim, essa junção acaba afetando a sociedade como um todo, pois há menos espaço para o diálogo, para a quebra de paradigmas e para a inovação. Isto é, mesmo que não seja por humanidade e empatia, combater o etarismo é a melhor escolha para o seu presente - e para o seu futuro.

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Como combater o etarismo diariamente 

Em 2022, as placas para representação de preferência para pessoas idosas foram modificadas, com o intuito de combater a ideia de que envelhecer gera invalidez ou dependência. Na verdade, a reserva de espaços para essas pessoas dá-se por direito adquirido, visto que elas já contribuíram bastante para a sociedade.

Isso já é um reflexo de que mais gente está se atentando à necessidade de mudança na nossa sociedade. A expectativa é de que, assim, empresas e organizações também façam a sua parte, por exemplo:

  • Reduzindo a diferença salarial entre funcionários que têm idades diferentes, mas ocupam o mesmo cargo; 
  • Incentivando o recrutamento de candidatos acima dos 50 anos;
  • Estabelecendo normas internas contra a discriminação.

Só que tudo isso começa a partir da transformação do senso comum que, por sua vez, nasce com pequenas atitudes. Uma delas é abandonar expressões etaristas, como “nossa, você nem aparenta essa idade!”, “você não tem idade para isso” e “melhor não falar isso, para não denunciar a idade”. 

Outras atitudes são: não partir do princípio de que alguém não sabe ou não vai entender alguma coisa por conta da sua idade, menosprezar suas histórias e se manter aberto a trocar experiências. Tudo isso vai melhorar a convivência onde você estiver, com um grande potencial de causar mudanças em cadeia. 

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