Mercado de trabalho: desafios econômicos para o Brasil em 2023
ATTENZIONE: assunto que cai no Enem. Entenda os desafios econômicos que causaram a onda de layoffs no Brasil em 2023.
Nem sempre é fácil entender os movimentos do mercado de trabalho. No primeiro semestre de 2023, especialmente entre janeiro e março, fomos impactados com duas ondas: a divulgação massiva de tecnologias com inteligência artificial e os layoffs de várias big techs.
Para quem observava da superfície, uma coisa estava diretamente relacionada à outra. Mas, por mais que essas novas ferramentas ameacem muitos empregos, não foi isso que causou a demissão de aproximadamente 50 mil pessoas.
Há uma força ainda maior por trás disso: a economia mundial. Tal força é influenciada de perto pelas relações políticas entre os países e, de modo generalizado, aconteceu muita coisa neste cenário, trazendo desafios econômicos para o Brasil em 2023.
Entenda este assunto que pode cair no Enem a seguir!
Fim da pandemia: inflação e juros elevados
O que une esses dois bichos de sete cabeças do economês? E o que ambos têm a ver com os layoffs de 2023?
Tudo. Vamos começar do início: a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é calculada a partir da média ponderada dos juros praticados nas operações de empréstimos que acontecem entre os bancos diariamente e que são lastreadas em títulos públicos.
Já a inflação é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). Para manter os preços sob controle, o Banco Central brasileiro tem o poder de manipular a Taxa Selic. A grosso modo, funciona assim:
- Aumentar a Taxa é aumentar os juros;
- Aumentar os juros é encarecer o crédito e estimular a poupança;
- Estimular a poupança é reduzir o consumo da população;
- Reduzir o consumo da população é impor uma queda de preços;
- Impor uma queda de preços é reduzir a inflação.
Assim ficou mais simples, certo? Então, continuemos.
Menos receita, mais layoffs
Durante a pandemia, não somente o Brasil, mas praticamente todos os países diminuíram suas respectivas taxas de juros para favorecer o consumo e, consequentemente, minimizar os impactos econômicos sobre as empresas. O Fed, banco central dos Estados Unidos, por exemplo, fixou os juros em 0%.
Isso fez com que o valor das empresas de tecnologia aumentasse vertiginosamente, cumprindo o objetivo maior de combater o desemprego. Para suportar esse crescimento, ocorreram diversas contratações em vários níveis hierárquicos, em sua maioria, no setor de tecnologia.
Ou seja, o cenário econômico para as empresas era favorável tanto pela digitalização, que aconteceu para cumprir as medidas de lockdown e salvar vidas, quanto por incentivos financeiros. No entanto, à medida que a pandemia foi sendo vencida, tais políticas foram perdendo o sentido.
Em 2023, os desafios econômicos do Brasil e do mundo eram outros, com outras instabilidades. De modo geral, a elevação dos juros fez com que o valor de mercado de várias big techs caísse, o que a médio prazo causa redução de receita.
Menos investimento, mais layoffs também
Como você viu anteriormente, juros mais altos significam crédito mais caro. Mas qual empresa sobrevive em meio à tamanha concorrência sem fazer investimentos?
O incentivo financeiro às empresas durante a pandemia fez com que mais pessoas pudessem, finalmente, investir em suas ideias. Logo, além das big techs originais, muitas outras empresas surgiram com soluções melhores.
Em um cenário de competitividade alta, inovar e continuar crescendo mesmo que em marcha lenta é a única opção para manter-se à frente no mercado ou pelo menos relevante para sua clientela fidelizada. Porém, isso também foi um fator para as demissões em massa.
Afinal, as empresas tinham menos investidores dispostos a arcar com seus riscos e/ou precisavam pagar mais caro pelo crédito dos bancos para fazer seus próprios investimentos. Assim, mesmo sendo eficaz apenas a curto prazo, as folhas salariais foram cortadas para controle de gastos.
Outras fontes de desafios econômicos para o Brasil em 2023
Guerra entre Rússia e Ucrânia
Mais de um ano depois, o cenário ainda é de incerteza. Em 2022, não demorou para o Brasil ser impactado economicamente pelo conflito, visto que a Rússia é uma grande exportadora de petróleo.
Buscando frear a investida russa, os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções ao país. Tal medida causou a elevação do preço do barril ao seu nível mais alto desde 2008.
Diante disso, uma decisão precisava ser tomada dentro da Petrobrás para comercializar suas commodities. Foi por isso que, em março de 2022, os preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel subiram.
E o que combustíveis mais caros causam? Aumento de custos para o mercado como um todo. Afinal, quase todas as cadeias produtivas dependem em certo grau do transporte de insumos, que é feito, majoritariamente, pela malha rodoviária.
Está lembrando da inflação? Pois é, ela também aumenta por causa de tudo isso, inflamando o processo que explicamos lá atrás.
Transição de governo
Políticas públicas exercem forte poder sobre a economia, pois definem como e quanto dos recursos disponíveis serão movimentados entre os setores do país. Salário mínimo, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e a Selic são alguns exemplos que fazem a diferença.
Por outro lado, as indicações ministeriais que acontecem logo no início do mandato, especialmente para o Ministério da Fazenda, podem determinar o grau de confiança de investidores externos e internos. Sobre isso também há a influência das eleições para presidência da Câmara e do Senado.
Perspectivas para o fim do ano
Não é à toa que os especialistas indicam os layoffs ou demissões em massa como último recurso para dificuldades financeiras. A médio e longo prazo o desempenho da empresa acaba sendo prejudicado por alguns motivos, como:
- Custos maiores associados às saídas de funcionários e novas contratações depois;
- Mão de obra menos eficiente devido à perda de memória organizacional;
- Perda do capital social que existia pelas relações;
- Contágio de turnover pelos que ficaram desistirem da empresa.
De acordo com dados divulgados pela Robert Half com a 24ª edição do Índice de Confiança (ICRH), existem sete tendências principais para o segundo semestre de 2023. Entre elas estão:
- Escassez de trabalhadores qualificados;
- Recrutadores com dificuldade para fechar vagas;
- Posicionamento forte dos trabalhadores quanto às suas necessidades;
- Contrapropostas;
- Defesa da flexibilidade do modelo de trabalho;
- Investimentos em marca empregadora.
Parece até que fomos elencando causas e consequências uma atrás da outra, não é mesmo? As tendências têm mesmo uma correlação.
Mas, além disso, elas têm também um denominador comum: para profissionais com diploma superior, o cenário será mais favorável até o fim do ano. Então, que tal garantir agora a chance de começar a sua graduação?
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