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Bullying na sala de aula: como lidar com essa violência

Vem cá que o papo é sério: bullying na sala de aula é crime e, como estudante, você precisa estar pronto para enfrentá-lo.

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A legislação para combate à prática do bullying na sala de aula é recente no Brasil. Somente em 2016 o Programa de Combate à Intimidação Sistemática foi instituído em todo o território nacional, facilitando a tipificação e a identificação de agressores.

Além de coibir a prática do crime, que possui diferentes faces, esta medida também tinha a função de conscientizar a população e responsabilizar todas as partes envolvidas. Isso inclui o papel das escolas, pré-vestibulares e faculdades de criar suas próprias políticas a fim de impedir e proteger possíveis vítimas. 

No entanto, nós sabemos que nem todas as instituições de ensino estão preparadas ou, mesmo quando estão, quem sofre não consegue se manifestar. Assim, escrevemos este artigo com dicas úteis para os seguintes casos:

  • Se você sofreu na infância e na adolescência;
  • Se você está sofrendo;
  • Se você conhece pessoas que sofreram ou estão sofrendo.

Vem cá que o papo é sério.

A importância de impedir e combater o bullying 

Todo tipo de violência deixa uma marca. Seja ela física, psicológica ou emocional, seu impacto negativo sobre a vida da vítima não passa despercebido, trazendo insegurança e baixa autoestima.

Outras consequências são o desencadeamento de um comportamento autodestrutivo e de vícios. Isso pode se dar pelo uso de substâncias psicoativas de forma compulsiva para escapar à realidade e pela mutilação voluntária.

Também acontece a perda de oportunidades devido ao medo. Na prática, a sensação de que tudo vai dar errado impede que a pessoa tente coisas novas ou mesmo dê a sua opinião. Há casos, por exemplo, de pessoas que trancaram a faculdade pela dificuldade de apresentarem trabalhos em público. 

Além disso, todos estes sentimentos podem fragilizar a pessoa a ponto de ela não querer mais ser vulnerável e aberto a relacionamentos. Ou seja, o agressor prejudica diretamente a socialização e a criação de vínculos de quem sofre bullying. 

No fim das contas, todas estas consequências podem ser ainda mais graves quando se é jovem e ainda em formação ou quando já se está com a saúde mental abalada.

Leia também: Como aproveitar as férias para praticar o autocuidado

Como identificar uma vítima 

Primeiramente, vamos falar do óbvio: os tipos de violência que são considerados bullying caso você seja uma testemunha ocular. Depois, abordaremos algo que carece de uma observação mais cuidadosa: as características de comportamento de uma vítima.

Conjunto de violências 

Segundo o Artigo 2 da Lei que instituiu o programa federal de combate ao bullying na sala de aula, são passíveis de criminalização:

  • Ataques físicos;
  • Insultos pessoais;
  • Comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
  • Ameaças por quaisquer meios;
  • Grafites depreciativos;
  • Expressões preconceituosas;
  • Isolamento social consciente e premeditado;
  • Pilhérias (“Zoação”).

Há também um artigo direcionado especialmente às questões de cyberbullying - quando o crime é cometido pela internet. Depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais próprios com o objetivo de constranger também são violências passíveis de punição. 

De modo geral, abuso sexual, indução ou assédio também são englobados pelo Programa. Assim como, as infrações que são sabidamente crimes em quaisquer circunstâncias: roubar, furtar ou destruir os pertences de outra pessoa. 

Comportamentos comuns de quem sofre bullying

Em crianças o comportamento é facilmente percebido, pois elas são naturalmente mais curiosas. Nesse sentido, os psicólogos sugerem aos pais prestar muita atenção quando seus filhos pequenos chegam tristes da escola, em silêncio e/ou se esquivando de perguntas sobre como foram as atividades do dia.

Em adolescentes e adultos que estão cursando uma graduação ou estudando em pré-vestibulares, essas posturas mais silenciosas também estão presentes. A diferença é que há uma gama maior de problemas que podem estar afetando o seu humor e a sua saúde mental. 

De qualquer maneira, o melhor é sempre se colocar à disposição para conversar quando perceber alguém querido mais distante ou triste. Falas autodepreciativas e ações autodestrutivas, como consumir álcool em excesso e se machucar de propósito.

Quando o bullying é praticado pelos professores

É isso mesmo que você está lendo. O bullying em sala de aula não é apenas uma violência praticada por colegas de turma, mas também por quem deveria dar o exemplo e criar uma ambiente favorável à aprendizagem. 

Nosso redator aqui da Afya presenciou várias vezes professores constrangendo alunos no cursinho de pré-vestibular que frequentou. Uma das práticas de intimidação e humilhação mais comuns era apagar as luzes e pedir para que todos os alunos batessem na mesa e gritassem “BURRO” quando errava uma resposta. 

Isso também acontecia com pessoas que faziam perguntas que, supostamente, já deveriam saber, pois para os outros a resposta era fácil. A hostilidade prejudicava diretamente os resultados dos estudantes, visto que muitos preferiam ficar com suas dúvidas por medo. 

A principal atitude a se tomar em uma situação como essa, como qualquer outra em que xingamentos são expressados contra alunos, é reportar o fato à direção da instituição. Caso isso não resolva, uma denúncia formal pode ser prestada e, caso seja possível recolher provas, o processo será ainda mais fácil.

Saiba mais: Psicólogo ou Psiquiatra: quando buscar cada profissional?

Recursos para lidar com o bullying na sala de aula

O melhor recurso para lidar com o trauma causado pela exposição a esta violência é o acompanhamento psicológico e, caso já esteja com sintomas de depressão, de um médico psiquiatra. Aqui vão algumas razões para você considerar e/ou sugerir esta ideia aos seus amigos.

Nosso comportamento é uma manifestação do que sentimos e de como interpretamos o que acontece com a gente. O bullying, como qualquer tipo de abuso, é capaz de ascender sentimentos negativos contra nós mesmos, que não têm comprovação para existir. 

Por exemplo, quando sentimos culpa por ter feito algo errado, a evidência de que este sentimento faz sentido existe e serve para que nós reflitamos sobre o ocorrido, para melhorar. Porém, as dúvidas e a ansiedade desencadeadas pelo bullying são um reflexo do trauma. 

Para ficar claro: o fato de alguém maltratar você não justifica o pensamento de que você não tem valor ou merece menos do que deseja. Deu pra entender? 

Só que nós sabemos que quando não estamos fortes mentalmente, o abuso é capaz de superar a evidência no nosso conceito de realidade. Assim, o que os outros dizem torna-se mais importante do que a verdade e seu amor próprio.

É neste ponto que a ajuda profissional atua. Ajudando você a reconstruir a sua estabilidade emocional.

Na Afya, nós nos preocupamos muito com a saúde mental dos nossos estudantes. Por esse motivo, todas as nossas unidades contam com um Núcleo de Experiência Discente (NED), cuja função é oferecer apoio psicopedagógico aos alunos.

Escolha a faculdade Afya que transformará a sua vida ainda este ano!