Especialidades

Testosterona: entenda como o hormônio atua no organismo

Testosterona: entenda como o hormônio atua no organismo e saiba como reduzir os impactos causados pela falta ou excesso dessa substância.

6
minutos de leitura

O estudante que está se preparando para o Enem e vestibulares de Medicina deve se familiarizar com algumas temáticas geralmente cobradas nesses exames. Contextualmente, é preciso entender o que é a testosterona e as suas funções, já que a ação desse hormônio influencia importantes funções fisiológicas.

Em vista disso, hoje vamos listar as principais informações sobre a testosterona. Veja quais são os principais papéis desse hormônio, como e onde é produzido e qual o seu papel na fisiologia masculina e feminina. Aproveite a leitura!

Afinal, o que é a testosterona?

A testosterona é classificada como um hormônio esteroide fundamental tanto para homens quanto para mulheres. Apesar disso, essa substância é mais conhecida por desempenhar um papel central no desenvolvimento sexual.

Esse hormônio tem uma função central na fisiologia masculina em todas as etapas da vida. Por isso, ele tem sido um dos temas mais relevantes da Medicina e bastante abordados em diferentes especialidades, inclusive na Pediatria.

Entre as funções mais relevantes da testosterona algumas são essenciais à fisiologia humana. Entre as principais, destaca-se a formação dos órgãos sexuais, o aumento da massa muscular e o desenvolvimento da estrutura óssea mais forte nos homens.

Porém, a importância desse hormônio não se limita apenas a isso. Tanto que, nos últimos anos, há um grande interesse no estudo dos efeitos da testosterona em diferentes áreas da fisiologia: no equilíbrio homeostático, no envelhecimento e na saúde cardiovascular, entre outros.

Como a testosterona é produzida?

A produção desta substância ocorre principalmente nos testículos nos homens e nos ovários nas mulheres. Além disso, pequenas quantidades também são produzidas nas glândulas suprarrenais. Nesse local, a testosterona é produzida tanto no homem como na mulher.

Em tese, o processo de produção desse hormônio envolve várias fases e sua regulação é feita por um sistema complexo de retroalimentação baseada nas características hormonais.

Elencamos os passos principais da produção de testosterona. Observe!

Estímulo hormonal

O processo de produção hormonal se inicia pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que é secretado pelo hipotálamo. O GnRH tem o papel de estimular a glândula pituitária a liberar dois hormônios: o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH).

Estimulação das células de Leydig

Nos homens, o hormônio luteinizante viaja pela corrente sanguínea até os testículos, onde age sobre células específicas: as células de Leydig. Essas células estão localizadas nos espaços intersticiais, mais precisamente entre os túbulos seminíferos dos testículos.

Dentro das células de Leydig ocorre a metabolização do colesterol, um dos passos essenciais para a síntese dos hormônios esteroides. Nesse local, o colesterol é convertido em pregnenolona, uma substância precursora de todos os esteroides.

Síntese de testosterona

Por meio de uma série de reações enzimáticas, a pregnenolona é convertida em testosterona dentro das células de Leydig. Esse processo envolve várias fases, que são igualmente importantes para a produção da testosterona.

Liberação da testosterona no sangue

Após o processo de síntese, a testosterona é então liberada pelas células de Leydig para a corrente sanguínea. Em seguida, ela se liga a proteínas transportadoras, como a albumina e a globulina. Essas duas substâncias agem como ligadoras de hormônios sexuais (SHBG), que são transportados para os tecidos-alvo.

Como a testosterona atua em nosso organismo?

A testosterona desempenha um papel crucial no desenvolvimento sexual e na regulação de algumas funções da fisiologia masculina. Listamos os aspectos mais importantes sobre a função dessa substância no corpo humano. Veja quais são.

Diferenciação sexual

A testosterona começa a agir no corpo ainda na fase de desenvolvimento fetal, já que ela é essencial para a diferenciação e desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos. Esse hormônio é responsável pela estimulação da formação dos testículos, pênis, ductos deferentes e vesículas seminais.

Desenvolvimento de características sexuais secundárias

Durante a puberdade, a testosterona é responsável também pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias no homem. As mais relevantes são o crescimento de pelos da face e da região íntima, aumento da massa muscular e crescimento da laringe.

Função sexual

A testosterona é fundamental para estimular a libido masculina. Esse hormônio também influencia a função erétil, bem como a produção do líquido espermático nos testículos.

Desenvolvimento osteomuscular

Outra importante ação da testosterona é quanto ao desenvolvimento da estrutura óssea masculina. No homem, o hormônio deixa a musculatura e os ossos mais densos. Quando comparado às mulheres, tais características são mais pronunciadas em homens devido às taxas mais elevadas dessa substância.

Além disso, a testosterona desempenha uma função primordial na saúde geral da classe masculina. Isso inclui regulação de variados processos metabólicos envolvidos na manutenção da saúde respiratória, cardiovascular e cognitiva.

Além de desempenhar um papel integral na formação das características físicas do homem, a testosterona também atua nos processos comportamentais, que definem a masculinidade.

O que pode afetar a produção desse hormônio?

A produção de testosterona está intrinsecamente ligada a fatores fisiológicos e ambientais. Confira os mais relevantes.

Idade

A faixa etária é um dos fatores biológicos de destaque, já que a produção de testosterona tende a diminuir naturalmente com o avanço da idade. Essa queda na produção dessa substância começa após os 30 anos. A maior queda do hormônio ocorre quando o homem atinge a andropausa.

Herança genética

Também é importante considerar a predisposição genética, já que esse fator pode influenciar bastante os níveis de testosterona. Por causas hereditárias, algumas pessoas podem ter tendência à redução da produção do hormônio.

Condições médicas

Certas condições médicas associadas a doenças crônicas também podem afetar a produção de testosterona. Dependendo da faixa etária, o nível de comprometimento pode ser maior. Entre os quadros mais comuns destacam-se os distúrbios hipofisários, tumores testiculares, síndrome de Klinefelter, diabetes e obesidade.

Traumas ou cirurgias

Em alguns casos, as intervenções cirúrgicas podem afetar a síntese de testosterona. As condições de maior prevalência são as lesões nos testículos, sobretudo as que demandam necessidade de cirurgia.

Estresse

O estado emocional também pode afetar negativamente a produção de testosterona. Em condições de estresse crônico, os níveis de cortisol se mantêm elevados. Consequentemente, essa condição pode levar à inibição da produção normal dos elementos precursores necessários à formação de testosterona.

Aspectos nutricionais

As condições dietéticas que geram deficiências de nutrientes essenciais também podem afetar a produção de testosterona. Os elementos que mais auxiliam na fisiologia desse hormônio são os minerais, tais como zinco, ferro e selênio. As vitaminas do complexo B também integram os cofatores essenciais na síntese de testosterona.

Estilo de vida

Igualmente relevante é considerar os fatores ligados ao estilo de vida que podem interferir na produção do hormônio. Os mais comuns são a falta de sono adequado, sedentarismo, o hábito de fumar e o consumo excessivo de álcool.

Ação de medicamentos

Certos medicamentos também agem como inibidores dos elementos precursores necessários à produção da testosterona. Ensaios clínicos apontam a ação de alguns antidepressivos, esteroides e opioides como potencialmente negativa para a manutenção dos níveis desse hormônio.

Quais os maiores impactos da baixa produção de testosterona?

Quando a produção dessa substância é insuficiente, a saúde do homem pode ficar comprometida. Vale frisar que ainda que os níveis de testosterona sejam menores nas mulheres, a queda desse hormônio também pode ser prejudicial ao equilíbrio das funções metabólicas.

Porém, é na classe masculina que os efeitos negativos são mais notáveis. No homem, o menor nível de testosterona pode resultar em sintomas relacionados à atividade sexual e a alterações no comportamento. Os efeitos mais comuns e mais discutidos em Medicina são:

  • baixa da libido;
  • disfunção erétil;
  • fadiga;
  • diminuição da massa muscular;
  • alterações de humor;
  • redução da densidade óssea;
  • baixa concentração e dificuldades cognitivas.

Quais são os níveis ideais de testosterona no homem e na mulher?

Por norma, os níveis ideais de testosterona podem variar, significativamente, entre homens e mulheres. Nos homens, as faixas consideradas normais para adultos podem ser:

  • Idade adulta: 300 a 1.000 ng/dL (nanogramas por decilitro) no sangue;
  • Testosterona livre: varia de 9 a 30 ng/dL.

Já nas mulheres, os níveis são regulados tendo como base a menopausa:

  • Pré-menopausa: variam de 15 a 70 ng/dL;
  • Pós-menopausa: nessa fase, os níveis de testosterona podem diminuir para 10 a 45 ng/dL, em média.

Taxas de testosterona na saúde das mulheres

Como já referido, a testosterona desempenha um papel importante também na libido feminina. Além disso, os níveis desse hormônio precisam se manter normais para assegurar a estabilidade na saúde óssea, função muscular e o bem-estar geral. Em mulheres, a testosterona também influencia o estado de humor.

Tanto em homens quanto em mulheres, o ideal é buscar orientação médica se houver preocupações com os níveis de testosterona. Nessas circunstâncias, o profissional deve motivar o paciente a manter o acompanhamento regular e a monitorar as taxas do hormônio.

Quando é indicada a reposição de testosterona?

Um dos assuntos mais discutidos na atualidade é sobre os efeitos da reposição de testosterona. Essa abordagem é muito comum entre os profissionais que atuam mais efetivamente na Medicina, independentemente de serem ou não especialistas em Endocrinologia.

Existem várias situações clínicas em que os níveis desse hormônio estão abaixo das taxas consideradas ideais para a faixa etária e gênero do paciente. Vale destacar que a reposição por finalidade estética não é recomendada.

Muito embora haja muito apelo midiático nesse sentido, o ideal é que os profissionais de saúde orientem os pacientes sobre os riscos dessa prática. Muitos jovens e adolescentes são motivados ao uso exagerado desse hormônio a fim de ganhar massa muscular. Por isso, é necessário fomentar uma educação positiva para as novas gerações.

Listamos algumas condições em que a reposição de testosterona pode ser necessária. Confira.

Hipogonadismo

É a condição mais comum que justifica a reposição dos níveis de testosterona na classe masculina. Normalmente, isso pode ocorrer quando os testículos não produzem testosterona, quadro conhecido como hipogonadismo primário.

Também pode acontecer falhas na regulação do sistema hormonal, o que leva ao desequilíbrio da produção de testosterona. Esse quadro caracteriza o hipogonadismo secundário.

Já nas mulheres, a testosterona pode ser reduzida após a menopausa. Nesse caso, o ideal é fazer um acompanhamento médico regular para melhorar a libido e assegurar o bem-estar geral.

Condições médicas específicas

Algumas condições médicas podem afetar a síntese de testosterona, tanto em homens como nas mulheres. As mais comuns incluem:

  • Síndrome de Klinefelter;
  • Síndrome de Noonan;
  • efeitos tardios da quimioterapia ou radioterapia;
  • doenças autoimunes como HIV/AIDS;
  • doenças metabólicas.

O que considerar antes de decidir pela reposição de testosterona?

Por questões de manutenção da saúde, existem alguns aspectos a serem considerados quanto à decisão de iniciar a reposição de testosterona. O primeiro passo é que essa ação deve ser baseada em uma avaliação médica completa.

Nesse processo, o profissional deve solicitar exames laboratoriais adequados e analisar a história clínica do paciente. Fatores relacionados à faixa etária e à presença de comorbidades precisam ser observados criteriosamente.

A reposição de testosterona pode ser administrada por diferentes vias e é essencial ajustar a dose conforme necessário. Igualmente relevante é monitorar os efeitos colaterais, sobretudo quanto ao risco cardiovascular, alterações nos índices de lipídios e na função da próstata.

Reposição de testosterona com finalidade estética

A reposição com o objetivo estético pode auxiliar no aumento da massa muscular e na melhoria da definição da silhueta. No entanto, essa é uma prática controversa, que deve ser cuidadosamente avaliada antes de decidir pela reposição, já que os efeitos indesejados podem afetar a saúde mental, inclusive.

Em geral, a testosterona é um hormônio potente, com ação direta em várias funções do corpo e que pode ter efeitos colaterais significativos. Por isso, o uso deve ser mediado por um profissional a fim de monitorar os riscos de prejuízos à fisiologia do corpo.

Se o objetivo é melhorar a estética corporal, o ideal é optar por alternativas mais saudáveis e que não coloquem a saúde em risco. Há ótimas opções seguras e eficazes e que não envolvem o uso de hormônios. As mais indicadas para orientação dos pacientes são os ajustes na dieta e o estímulo à atividade física adequada.

Por fim, vale destacar que a reposição de testosterona é uma opção terapêutica importante, mas que deve se restringir aos casos de deficiência desse hormônio. O papel do médico é estimular o uso de forma adequada, visando auxiliar na melhoria da saúde e da qualidade de vida dos pacientes.

Assine a nossa newsletter e receba conteúdos exclusivos diretamente em seu e-mail!