Psicofobia: o que é e como combatê-la
Psicofobia é o preconceito com relação a pessoas que sofrem de transtornos mentais. Leia nosso artigo completo para compreender melhor!
Há tempos o debate em torno do preconceito sobre assuntos envolvendo a saúde mental vem sendo foco de diversas pesquisas acadêmicas, estendendo também para a rotina de profissionais em clínicas e consultórios. Em 2021, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) colocou milhares de estudantes para refletir propondo “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira” como tema da redação.
Uma entrevista divulgada em 2014, onde o humorista Chico Anysio, falecido há 10 anos, afirmava que fazia tratamento para depressão e acreditava que era importante falar sobre o assunto para acabar com o preconceito, abriu portas para a discussão. Por conta deste depoimento, dois anos mais tarde, o Congresso Nacional aprovou a criação do Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, estabelecendo o dia 12 de abril como a data para alertar a sociedade sobre este preconceito.
Trazendo o assunto para a atualidade, o Datasus, por meio do Ministério da Saúde, divulgou recentemente que o Brasil vive uma ‘segunda pandemia’, só que na saúde mental. O relatório descreve que, em 2022, o país vivencia uma multidão de deprimidos e ansiosos, com um aumento de 7 mil para 14 mil óbitos por lesões autoprovocadas em 20 anos. Ao redor do mundo, a Covid-19 levou à piora da saúde mental de quase metade de adultos de 30 países, incluindo o Brasil, segundo a pesquisa World Mental Health Day 2021, do Instituto Ipsos.
Diante dos fatos, você já deve ter compreendido que precisamos falar sobre este assunto e que não há como ter preconceito diante das doenças psíquicas. Aliás, a Psicofobia, tema central deste artigo, significa exatamente isso, o preconceito em si com relação a pessoas que sofrem de transtornos mentais. Continue a leitura para compreender melhor!
Ansiedade e depressão
Antes de falarmos sobre o preconceito, é fundamental que você compreenda a ansiedade e a depressão, portas de entrada para diversas doenças que afligem a mente. Mas é importante destacarmos que existe uma diferença entre elas.
Resumidamente, a ansiedade é o alerta, um sinal do nosso corpo diante do perigo. Especialistas afirmam que ela é comum a todos, seria como aquele frio na barriga que você sente na véspera do vestibular, por exemplo. Mas, quando ela ultrapassa a normalidade é preciso procurar ajuda médica. Já existe a previsão de que pelo menos um terço da população mundial será afetada pela ansiedade ao longo da vida, incluindo crianças e adolescentes.
O Sistema de Saúde Pública do Reino Unido (NHS), define a ansiedade como uma reação natural do corpo humano ligada muitas vezes ao que se chama de "luta ou fuga". O problema é quando isso se torna excessivo e vira uma patologia.
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A ansiedade pode ser o primeiro sintoma de depressão. Agora, como saber o que de fato é a ‘doença do século’, conforme vem sendo denominada? Em linhas gerais, a depressão é descrita por especialistas como um transtorno biológico no qual a pessoa se sente deprimida ou perde o interesse ou prazer em relação a algo que tinha antes, afetando diversas áreas de sua vida. Esta é uma doença que vem se tornando comum. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que ela afeta atualmente quase 12 milhões de pessoas no Brasil, uma condição que não tem causa única e atinge as pessoas independentemente da idade, classe social, profissão, raça/etnia ou gênero.
Psicofobia, o que é?
Como já afirmamos no início deste artigo, a Psicofobia é o preconceito em relação às pessoas que sofrem de transtornos mentais. Segundo Rafael Polakiewicz, doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde (UFF), este termo não costuma ser usado na psiquiatria, mas tem um valor social para falar e ser inclusivo sobre o assunto. Polakiewicz alerta que o preconceito promove um duplo sofrimento para quem convive com doenças mentais.
O termo Psicofobia tem sido utilizado para discutir o preconceito das pessoas relacionando a um duplo sofrimento, aquele que advém da doença e aquele nascido no preconceito. O estigma pode ser visto de muitas formas, destacando como um processo depreciativo que gera o afastamento da pessoa do meio social ou grupo dominante. - Rafael Polakiewicz, doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde (UFF)
Este sofrimento duplo, descrito por Polakiewicz, se configura muitas vezes dentro do seio familiar. O estigma em torno do paciente psiquiátrico de que ele é um ‘ser humano fraco’ pode começar dentro de casa. Profissionais afirmam que os pais costumam ter dificuldade de aceitar que um filho seja paciente psicológico.
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Como combater a Psicofobia
Segundo os profissionais da psiquiatria, essa aversão tem a desinformação como principal causa. Ou seja, a principal forma de combate à Psicofobia é alertando a sociedade e promovendo diálogos em torno do respeito à saúde mental. Se os pacientes forem ouvidos e respeitados, facilita o entendimento.
Polakiewicz ainda aponta que o estigma pode ser visto de muitas formas e se configura como um processo depreciativo que gera o afastamento da pessoa do meio social ou grupo dominante.
A doença mental gera vários problemas às pessoas, mas, sem dúvida, a falta de acolhimento da sociedade, materializada no capacitismo e na construção de estigmas, são os piores danos. Esses não são gerados pela doença, mas pelas pessoas que excluem todos que são diferentes e que se afastam da razão, condição fundamental para a prática da produção e da manutenção da sociedade, segundo a lógica do produtivismo. Este conceito de desenvolvimento exclui os que produzem parcialmente ou que por causa da doença podem inclusive ficar temporariamente ou totalmente afastados de atividades laborais/instrumentais. - Rafael Polakiewicz, doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde (UFF).
Sabemos que o estigma está presente no mundo inteiro, mas alguns países desenvolvidos criaram melhores formas para lidar com esse problema que gera, inclusive, o afastamento dessas pessoas do tratamento, da escola, do trabalho e da família.
A Psicofobia está presente na história há séculos, de execuções e torturas à perda de oportunidades de emprego e piadas ofensivas. Ainda há um longo caminho a percorrer e você, enquanto acadêmico e cidadão, tem a obrigação de fazer a sua parte, conscientizando os demais e trabalhando no combate às práticas preconceituosas e discriminatórias.
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