O que é a luta antimanicomial e qual a sua importância
Descubra o que é a Luta Antimanicomial e qual a sua importância para pacientes psiquiátricos e seus familiares!
A luta antimanicomial é um movimento caracterizado pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento causado por doenças psiquiátricas. O combate ao isolamento dos pacientes, disfarçado de tratamentos se baseia nos preconceitos que cercam os transtornos mentais culminando com a reforma psiquiátrica.
O movimento visa lembrar que todos os cidadãos, com ou sem doenças mentais, têm direito fundamental à liberdade, direito a viver em sociedade e a receber cuidados e tratamentos sem ter cerceado sua convivência em sociedade.
Continue lendo e entenda mais sobre esse assunto tão importante para pacientes psiquiátricos e seus familiares, além dos seus médicos e demais profissionais que os acompanham de perto!
O que eram manicômios e como funcionavam?
Como parta da história da Psiquiatria, confira como os manicômios funcionavam!
Conceito
Manicômios eram instituições criadas para abrigar e tratar pessoas com transtornos mentais. Historicamente, eles surgiram no século XVIII como uma alternativa aos asilos gerais, que misturavam pessoas com deficiências físicas e mentais, além de criminosos e mendigos, em condições precárias.
Inicialmente, os manicômios eram vistos como locais de tratamento onde os pacientes poderiam receber cuidados especializados, mas com o tempo essas instituições se tornaram sinônimo de abusos e violações dos direitos humanos.
Função
Muitas vezes, os pacientes eram submetidos a tratamentos cruéis e desumanos, como eletrochoques, lobotomias, confinamento solitário e outras formas de tortura. A partir do século XX, começaram a surgir movimentos que questionavam o modelo de tratamento psiquiátrico baseado em internações prolongadas e isolamento dos pacientes.
Quais os problemas dos manicômios no trato com os pacientes?
Eram diversos os problemas associados a essas instituições ao longo dos anos. Entenda!
Estigma e exclusão social
O isolamento em um manicômio podia resultar em estigmatização e exclusão social, com a pessoa sendo vista como "louca" ou "perigosa" pelos outros.
Condições de vida desumanas
Em muitos casos, os pacientes dos manicômios eram mantidos em condições desumanas, incluindo a falta de higiene básica, alimentação inadequada, sobrecarga de medicamentos e privação de sono.
Abuso e violência
As condições desumanas frequentemente levaram a abusos e violência por parte dos funcionários do manicômio, incluindo agressões físicas e psicológicas.
Falta de terapia e tratamento individualizado
Os tratamentos aplicados em manicômios muitas vezes eram genéricos e pouco efetivos, com pouca ou nenhuma atenção individualizada às necessidades do paciente.
Ausência de participação familiar e comunitária
Os pacientes, frequentemente, eram isolados da família e da comunidade, o que dificultava a reintegração social após a alta.
Custos financeiros e de saúde pública
O custo financeiro e de saúde pública de manter pacientes em manicômios pode ser muito elevado, com poucos resultados terapêuticos efetivos.
O que é a luta antimanicomial e quando surgiu?
Trata-se de um movimento social e político que busca a transformação do sistema de saúde mental, que excluía as pessoas que sofriam de transtornos mentais da sociedade. O objetivo dessa luta é garantir que essas pessoas tenham seus direitos humanos respeitados e sejam tratadas com dignidade e cidadania.
O movimento surgiu na década de 1970 no Brasil, e foi liderado por profissionais de saúde mental, pacientes e familiares que questionavam o modelo de asilar os pacientes e propunham uma nova forma de cuidado baseada na humanização, no respeito à diversidade e na inclusão social. A principal bandeira do movimento antimanicomial era o fechamento dos manicômios.
Em 1987 ocorreu a escolha do dia para simbolizar essa luta, com os eventos: Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental (Bauru – SP) e a I Conferência Nacional de Saúde Mental (Brasília – DF). Assim, o tema “Por uma sociedade sem manicômios”, reuniu diversas categorias como profissionais, grupos de pacientes e familiares, universidades, além de representantes políticos, que questionavam o antigo modelo de assistência centrado nesse tipo de internação.
Atualmente, com a reforma psiquiátrica, as internações são reservadas para casos que realmente necessitam desse tipo de intervenção e são úteis, sobretudo, para um acompanhamento de perto do paciente para encontrar os melhores medicamentos e as terapias, com profissionais da Psicologia mais adequadas.
Vale mencionar, que os hospitais psiquiátricos atuais são instituições sérias com profissionais como médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e até farmacêuticos, para auxiliar na escolha do medicamento ideal (inclusive quanto às interações medicamentosas com outros remédios em uso).
Quais os objetivos da luta antimanicomial?
A luta antimanicomial tem como objetivo a criação de serviços comunitários de saúde mental que promovam a reabilitação psicossocial dos pacientes e a sua inclusão na sociedade. Esses serviços devem ser baseados em uma abordagem multidisciplinar e integrada, que contemple:
- a psicoterapia;
- o suporte social;
- o tratamento medicamentoso;
- a participação ativa dos pacientes em seu processo de cuidado.
Hoje, graças à luta antimanicomial, os manicômios são considerados obsoletos e a tendência é a de que sejam substituídos por hospitais psiquiátricos com tratamentos menos invasivos e mais humanizados, como a terapia cognitivo-comportamental, a psicoterapia e o uso de medicamentos psiquiátricos.
Quando se comemora o dia da Luta Antimanicomial?
O Movimento da Reforma Psiquiátrica culminou com a Lei 10.216/2001, denominada “Lei Paulo Delgado”, que cuida de proteger os direitos das pessoas com transtornos mentais e os modelos de assistência, estabelecendo a responsabilidade do Estado para desenvolver a política de saúde mental brasileira.
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial é comemorado todo dia 18 de maio, data em que as atrocidades são relembradas — para não serem cometidas novamente e para apresentar novos modelos de tratamentos.
Quais os avanços da reforma psiquiátrica até agora?
A reforma psiquiátrica é um processo constante que busca transformar o modelo de atenção à saúde mental, priorizando o cuidado humanizado, a inclusão social e a garantia de direitos das pessoas com transtornos mentais.
Os avanços da reforma psiquiátrica são:
- desinstitucionalização com a redução do número de internações psiquiátricas em hospitais psiquiátricos e com a criação de serviços substitutivos como CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), Residências Terapêuticas, Unidades de Acolhimento etc.;
- acesso à assistência, garantindo o acesso universal, igualitário e integral aos serviços de saúde mental, incluindo prevenção, tratamento e reabilitação;
- atendimento humanizando aos usuários dos serviços de saúde mental, valorizando a escuta e o diálogo e a participação dos usuários nas decisões sobre seu tratamento;
- fortalecimento do controle social com a participação de usuários, familiares e organizações da sociedade civil na gestão dos serviços de saúde mental, no monitoramento da qualidade do atendimento e na formulação de políticas públicas;
- valorização da vida e redução da discriminação contra as pessoas com transtornos mentais.
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Esperamos que este artigo completo sobre luta antimanicomial seja muito útil na sua jornada como profissional do futuro. Embora ainda haja desafios e obstáculos a serem superados, a reforma psiquiátrica avançou significativamente nos últimos anos graças a um movimento iniciado há cerca de 50 anos!
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