Multivitamínicos melhoram o funcionamento do cérebro? Entenda o que é mito e verdade

Cuidar da saúde do cérebro é um desafio, pois são poucas as opções reconhecidamente eficazes. Na prática, as orientações que beneficiam a saúde cerebral são generalistas, sendo prescritas para a melhora do bem-estar como um todo.  

É recomendado, por exemplo, exercitar-se com frequência, manter uma dieta saudável e evitar o consumo de álcool, que é altamente inflamatório. Tudo isso contribui para o bom funcionamento do sistema cardiovascular, reduzindo as chances de certos tipos de demência, como a causada por derrames.

Além dessas medidas de bom senso, ainda não foram desenvolvidos medicamentos ou suplementos capazes de melhorar a função cerebral a longo prazo de fato. É por isso que os pesquisadores continuam a explorar se certos alimentos, diferentes doses e/ou combinações podem um dia ser um ponto de virada para a saúde cerebral.

O problema é que, na internet, há muitas informações incorretas sobre o uso de multivitamínicos, com promessas falsas, que acabam enganando muita gente. Para não cair no “conto do vigário”, veja abaixo o que é verdade e o que é mito sobre este assunto.  

❌Suplementar vitaminas é para todo mundo

Mito. Embora sejam vendidas sem prescrição médica, as vitaminas são indicadas para pessoas de perfis muito específicos:

• Com deficiência de nutrientes;

• Em grupo de risco;

• Gestantes.

E, ainda assim, apenas caso realmente haja necessidade. Se a pessoa não tem recomendação para o uso, ingerir multivitamínicos com a promessa de melhoria da saúde é uma ilusão e pode até causar efeitos adversos.

✅ Há a possibilidade de multivitamínicos melhorarem a saúde cerebral de idosos

Verdade. Em um estudo recente publicado na revista Alzheimer's and Dementia, mais de 2,2 mil voluntários com 65 anos ou mais foram aleatoriamente designados para receber por três anos:

• Cacau ou um placebo;

• Um multivitamínico ou um placebo;

• Cacau e um multivitamínico.

O multivitamínico escolhido para este estudo foi o Centrum Silver, que contém 27 vitaminas, minerais e outros nutrientes em quantidades variadas. Quando os testes de cognição foram analisados no final do experimento, aqueles que receberam cacau não demonstraram nenhuma melhoria.

Por outro lado, aqueles designados para tomar um multivitamínico apresentaram pontuações melhoradas em testes de:

• Função cerebral geral - especialmente em pessoas com doenças cardiovasculares;

• Memória;

• Função executiva - tarefas como planejar ou lembrar instruções.

Com base nessas descobertas, os pesquisadores estimaram que três anos de uso de multivitamínico poderiam retardar o declínio relacionado à idade na função cerebral em até 60%. Vale ressaltar que, os participantes do estudo tinham, em sua maioria, as seguintes características:

• Brancos - 89%;

• Idade média de 73 anos;

• Sexo feminino - 60%.

Além disso, foram acompanhados por apenas três anos, e não houve uma avaliação prévia para verificar se os beneficiados tinham algum déficit nutricional específico que foi revertido. De todo modo, este foi um ensaio clínico randomizado e duplo-cego, que é considerado o desenho de estudo mais poderoso.

✅Tomar vitaminas em excesso pode fazer mal

Verdade. Certas vitaminas, quando consumidas em excesso, podem ser prejudiciais à saúde. Uma delas é a vitamina D, que possui ação nuclear em nosso organismo, sendo considerado um hormônio, apesar do seu nome não deixar isso claro para leigos.  

Em geral, uma pessoa saudável deve manter uma faixa de vitamina D acima de 20 ng/ml (nanogramas por mililitro de sangue). Este é o valor tido como seguro para o controle do metabolismo ósseo no corpo humano.

Nesse sentido, o excesso de vitamina D pode causar hipercalcemia, ou seja, excesso de cálcio, que, por sua vez, é maléfico para os rins. Há, por exemplo, a possibilidade de um corpo com esse desequilíbrio desenvolver cálculos renais e até perda óssea.  

❌Multivitamínicos substituem frutas, verduras e legumes

Mito. Suplementar vitaminas e minerais não têm o mesmo efeito na saúde que o consumo de frutas, verduras e legumes. Tais alimentos são essenciais para o funcionamento do nosso organismo, pois, além de fornecerem vitaminas, eles também são compostos por fibras, antioxidantes e outros micronutrientes importantes.  

Milhões de pessoas tomam um multivitamínico todos os dias, e muitas acreditam que é uma espécie de seguro caso falte algum nutriente na sua dieta. Porém, em 2024, o US Preventive Services Task Force revisou 90 dos melhores estudos disponíveis sobre o assunto, e concluiu que esses produtos não protegem adultos sem déficits nutricionais contra doenças cardiovasculares, câncer ou morte por todas as causas.

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