7 dicas para interpretar artigos científicos
Aprenda como interpretar artigos científicos com segurança, evitar evidências fracas e desenvolver uma leitura crítica na área da saúde!

Se você está na faculdade, especialmente na área da saúde, provavelmente já se deparou com um artigo científico e ficou com a sensação de que estava lendo outra língua. Termos técnicos, estruturas rígidas, gráficos complexos... a verdade é que interpretar artigos científicos pode parecer desafiador no início, mas com as estratégias certas, isso se torna cada vez mais natural.
Mais do que um exercício acadêmico, saber como interpretar artigos científicos é uma habilidade essencial para quem deseja acompanhar os avanços da Medicina, fazer escolhas baseadas em evidências e até melhorar seu desempenho nos estudos.
Afinal, é por meio dos artigos que as descobertas científicas são divulgadas, debatidas e, eventualmente, colocadas em prática no dia a dia da profissão médica.
Neste artigo, vamos te explicar o que é um artigo científico, como ele é estruturado, quais são os sinais de alerta em textos com evidências fracas e, claro, quais são as melhores dicas para fazer uma boa leitura crítica. Preparado para desenvolver seu olhar científico? Vamos lá!
O que é um artigo científico?
Um artigo científico é um texto produzido por pesquisadores e cientistas com o objetivo de apresentar os resultados de uma investigação. Ele segue um formato técnico, com estrutura padronizada, linguagem formal e costuma ser publicado em revistas científicas especializadas (também chamadas de periódicos).
A função de um artigo é compartilhar conhecimento com a comunidade acadêmica e permitir que os dados sejam avaliados, discutidos e replicados por outros pesquisadores. Isso garante que a ciência avance com base em evidências verificáveis e não em opiniões ou achismos.
Quais são as partes de um artigo científico?
Embora existam diferentes tipos de artigos (originais, de revisão, estudos de caso etc.), a maioria segue uma estrutura clássica conhecida como IMRaD:
- introdução, que apresenta o problema, o objetivo da pesquisa e o contexto teórico;
- métodos, que detalha como o estudo foi feito, quais técnicas foram utilizadas e quais critérios foram adotados;
- resultados, que mostra os dados coletados, muitas vezes com tabelas, gráficos e análises estatísticas;
- discussão, que interpreta os resultados, compara com outros estudos e destaca implicações ou limitações;
- conclusão, que retoma os objetivos e apresenta as considerações finais;
- referências, que lista todas as fontes utilizadas.
Conhecer essa estrutura te ajuda a localizar informações importantes e a evitar a leitura “de cabo a rabo” logo de cara, uma dica valiosa para otimizar o tempo e o entendimento.
E quando os artigos podem ser “perigosos”?
Apesar do rigor esperado na produção científica, nem todos os artigos são igualmente confiáveis. Algumas publicações podem apresentar evidências frágeis, conflitos de interesse ou vieses metodológicos que comprometem os resultados.
Em tempos de desinformação, é essencial saber identificar esses riscos!
Veja alguns sinais de alerta:
- estudos financiados por empresas com interesse no resultado (como uma marca de suplementos patrocinando uma pesquisa sobre os benefícios do próprio produto);
- amostras muito pequenas ou mal definidas, o que torna os resultados pouco generalizáveis;
- falta de revisão por pares, ou seja, artigos publicados sem avaliação de outros especialistas da área;
- jornais predatórios, que cobram para publicar sem critério técnico ou revisão séria;
- ausência de dados brutos, o que impede que outros cientistas repliquem ou validem os achados.
Por isso, ao buscar fontes para seus trabalhos ou atualizações, prefira artigos publicados em revistas de confiança e sempre avalie o contexto da pesquisa, inclusive quem a financiou e onde ela foi divulgada.


Como interpretar artigos científicos com mais segurança?
Agora que você já entende o básico, é hora de colocar a mão na massa. Abaixo, separamos 7 dicas práticas para interpretar artigos científicos de forma mais crítica, segura e eficiente.
1. Leia o resumo com atenção
O resumo é o ponto de partida. Nele, você vai encontrar os objetivos do estudo, o método utilizado e as principais conclusões. Isso ajuda a decidir se vale a pena seguir a leitura completa ou não.
2. Identifique a pergunta de pesquisa
Toda pesquisa científica começa com uma dúvida a ser respondida. Essa pergunta está geralmente no fim da introdução. Saber qual é ela te ajuda a avaliar se os resultados fazem sentido e se os autores realmente conseguiram respondê-la.
3. Entenda o tipo de estudo
Existem diferentes desenhos de pesquisa: estudos observacionais, experimentais, revisões sistemáticas, meta-análises, estudos de caso… Cada um tem um peso diferente na hierarquia da evidência científica. Quanto mais robusto o desenho, maior a confiança nos resultados.
4. Analise os métodos com espírito crítico
Aqui está um dos pontos mais importantes. Leia os métodos para entender como o estudo foi feito: número de participantes, critérios de inclusão e exclusão, instrumentos utilizados, tempo de acompanhamento... tudo isso influencia a confiabilidade do estudo.
5. Fique de olho nos gráficos e tabelas
Os dados costumam ser apresentados em formatos visuais. Mas atenção: um gráfico bonito não significa que os dados sejam bons. Verifique se os resultados têm significância estatística (geralmente indicados com valores de p ou intervalo de confiança) e se eles foram interpretados corretamente.
6. Leia a discussão com um olhar crítico
A discussão é onde os autores “defendem” sua pesquisa. Aqui, vale questionar: as conclusões realmente se sustentam com base nos dados? Os autores admitem limitações? Há exageros ou promessas fora da realidade?
7. Cheque o fator de impacto da revista
Pesquisas publicadas em revistas com bom fator de impacto (como The Lancet, JAMA, NEJM, entre outras) tendem a passar por revisões mais rigorosas. Isso não é garantia absoluta de qualidade, mas ajuda a filtrar o que merece mais atenção.
Quais são as vantagens de investir na produção científica?
Além de te manter atualizado e bem informado, saber como interpretar artigos científicos pode te ajudar a construir um currículo mais sólido. Participar de projetos de pesquisa, iniciação científica ou produção acadêmica desde a graduação faz diferença na vida profissional e pode abrir portas na residência e na carreira.
Saber interpretar artigos científicos é uma ferramenta para pensar criticamente, tomar decisões baseadas em evidência e construir uma carreira médica mais ética e embasada. Com o tempo, a leitura vai deixar de ser um desafio e se tornar um hábito natural.
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