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Saiba como funciona um hospital psiquiátrico

Saiba como funciona um hospital psiquiátrico e entenda mais sobre os tratamentos disponíveis nessas instituições.

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Conhecer o funcionamento de um hospital psiquiátrico é importante em diferentes sentidos. No Brasil e no mundo, ainda se tem uma imagem estereotipada da Psiquiatria. Mas isso está mudando, já que a facilidade de comunicação que as tecnologias proporcionam faz com que as informações caminhem à velocidade da luz.

Considerando a interdisciplinaridade do ENEM e da maioria dos processos seletivos, os vestibulandos precisam dominar temas assim. Além do mais, a Psiquiatria é uma importante especialidade da Medicina, e conhecer mais sobre o tema pode tirar suas dúvidas sobre se a área é mesmo pra você! Tendo isso em vista, vamos explicar como é o funcionamento das principais áreas e setores de um hospital psiquiátrico. Saiba como são feitas as internações e quais são os diferentes tipos de terapias oferecidas por essas instituições. Aproveite a leitura!

Como surgiram os primeiros hospitais psiquiátricos?

Ainda que as doenças mentais existam há séculos, a definição do conceito de "loucura" ocorreu somente na Idade Média. Esse termo designava indivíduos ou grupos de pessoas que, por diversas razões, não se encaixavam nos padrões sociais vigentes.

Tais grupos eram vistos com desconfiança e, por isso, diferentes explicações eram atribuídas ao comportamento deles. Na época, muitas interpretações equivocadas sustentavam as bases diagnósticas para os transtornos mentais. As mais comuns eram possessão, predestinação e outras justificativas resultantes da falta de conhecimento da Medicina.

Milhões de pessoas receberam esse tipo de tratamento hostil durante muito tempo. Essa realidade perdurou até o século XVII, quando surgiram as primeiras instituições psiquiátricas. Contudo, esses locais eram sujos, desorganizados e, na verdade, eram denominados de "depósito de gente". Além dos doentes mentais, o contingente também era formado por leprosos, tuberculosos, criminosos e pacientes com doenças venéreas.

Quais as contribuições de Pinel para a Psiquiatria?

No século XVIII, surgiu a figura do Dr. Phillippe Pinel, um psiquiatra francês que ficou conhecido por seus trabalhos nessa área. Na verdade, esse médico era visto com bons olhos pela Medicina e como uma esperança pelos doentes mentais expostos aos tratamentos ineficazes.

Assim, graças ao seu esforço e dedicação às pesquisas, novos tratamentos específicos centrados nos sintomas mais severos dos transtornos comportamentais foram criados. Porém, em vez de melhoria nos tratamentos, a aplicação do método de Pinel serviu como motivo para a criação de manicômios.

Durante o século XIX e XX, a metodologia de Pinel foi transfigurada e transformada em terapias totalmente duvidosas. Os doentes mentais eram amontoados nas instituições, maltratados e privados de liberdade. Depois de tantas intervenções desumanas na história da Psiquiatria, no início do século XX1, os manicômios foram substituídos pelos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

O que foi a Luta Antimanicomial?

No Brasil, as péssimas condições estruturais e os tratamentos discutíveis recebidos pelos doentes mentais foi duramente criticado pela sociedade em geral. Depois de muitas discussões sobre essa temática, novas políticas públicas voltadas para a atenção à Saúde Mental.

Assim, a Luta Antimanicomial foi um movimento que instigou a sociedade à participação mais ativa nessas ações. A meta era estabelecer mudanças para que pacientes fossem tratados com dignidade, por meio de uma assistência que, de fato, favorecesse a recuperação da saúde mental. Depois de décadas de luta, a Lei 10.126/2001 foi aprovada em 2001.

Livros e filmes sobre Psiquiatria

A realidade enfrentada pelos pacientes psiquiátricos resultou em diversas formas de manifestação. Devido à necessidade de mudanças, a luta contra esse modelo de assistência se estendeu para outros cenários.

Países como a Itália, inspiraram importantes movimentos nessa causa. Um livro chamado "A Instituição Negada" foi escrito pelo psiquiatra Franco Basaglia, que administrou grandes hospitais psiquiátricos naquele país. No Brasil, muitas obras foram criadas baseadas nesse assunto. No Brasil, os destaques do cinema foram:

Bicho de Sete Cabeças

Lançado em 2001, o filme é estrelado por Rodrigo Santoro. A temática é centrada nos tipos de tratamentos psiquiátricos mais utilizados até o ano 2000, principalmente o eletrochoque. Há, ainda, o problema da corrupção e o mau uso do dinheiro público, uma questão estrutural que impera no país.

No enredo, alguns conflitos familiares culminaram com a internação de Wilson pelo pai. O jovem protagonista foi internado contra a sua vontade porque seu pai achou necessário tratá-lo porque ele fumava maconha.

O Coração da Loucura

A atriz brasileira Glória Pires interpreta Nise de Oliveira, uma médica que lutou incessantemente por mudanças estruturais no sistema de funcionamento dos hospitais psiquiátricos no Brasil. Ela estabeleceu o uso de terapias baseadas na arte, em substituição aos tratamentos convencionais para esquizofrenia: o eletrochoque.

Como é o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial?

Hoje, a realidade dos tratamentos psiquiátricos é bem diferente. Após a aprovação da Lei Antimanicomial, os hospitais passaram por uma reforma estrutural e se transformaram em CAPS. Com isso, os doentes mentais recebem tratamento digno, mais humanizado e pautado no respeito à individualidade e às suas principais necessidades.

No Brasil, há um grande número de CAPS, instituições que trabalham com o objetivo de prestar uma assistência condizente com as necessidades da Psiquiatria. Nessas unidades, o suporte psiquiátrico à população é gratuito, via SUS. Cada paciente tem o apoio de que necessita e o tratamento adequado à sua condição de saúde.

Além dos tratamentos, no CAPS são oferecidas atividades integrativas e alternativas que promovem a interação social do paciente, com vistas à recuperação da estabilidade mental.

Nessas instituições, o paciente recebe cuidados e atenção profissional durante 24 horas por dia. As equipes de apoio multidisciplinar são compostas por médicos clínicos, psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e profissionais de farmácia hospitalar. O objetivo é otimizar o tratamento de modo a tornar a rotina do paciente mais harmônica e saudável.

Tratamentos disponíveis

Atualmente, há alternativas públicas e privadas para tratamentos psiquiátricos de qualidade. O SUS oferece assistência pelos CAPS ou, se necessário, o paciente pode ficar em tratamento intensivo nos hospitais públicos que disponibilizam internação em Psiquiatria.

Já na rede particular, há clínicas e hospitais especializados em saúde mental, que também oferecem opções de internação. Em geral, as doenças psiquiátricas de maior demanda para internação são a esquizofrenia, a síndrome do pânico, o transtorno depressivo maior e dependência química.

A evolução dos manicômios aos Centros de Atenção Psicossocial trouxe outra perspectiva para os pacientes psiquiátricos.

No entanto, como você percebeu, ainda existe o estigma quanto ao real papel da Psiquiatria. No entanto, com as mudanças e inovações oferecidas por essa especialidade médica, o hospital psiquiátrico tornou-se um espaço de promoção e prevenção da saúde e da qualidade de vida.

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