Choque geracional: como ajudar os pais a cuidarem melhor de si mesmos

As gerações mais recentes tiveram uma grande vantagem em relação aos seus pais: a globalização que ajudou a promover o barateamento da Medicina e a facilitar o acesso à informação. Mas quem está acostumado a mandar sofre quando o choque geracional os impõem uma inversão de papéis. 

Mesmo estando claramente errados, às vezes, é difícil convencê-los de que seus filhos têm razão quando falam sobre o valor do autocuidado. Mas esse é um problema com muitas camadas, como você descobrirá nas próximas linhas. 

Trouxemos aqui um overview para te ajudar a ajudar seus pais a cuidarem melhor de si mesmos. Afinal, essa é uma missão que vale a pena encarar.

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O que é e por que existe um choque geracional 

Choque geracional é o termo usado para definir os conflitos que existem entre pessoas com idades distintas por causa das influências externas sobre seus comportamentos e valores. Tais influências podem ser artísticas, tecnológicas, políticas, econômicas, entre várias outras questões que envolvem a sociedade como um todo.

No texto de hoje vamos abordar com mais ênfase o choque geracional entre pais e filhos. Mas saiba que nem sempre os envolvidos são um adulto e um adolescente, como tendemos a pensar.

Por exemplo, dois irmãos com uma diferença de seis anos, sendo um nascido em 1994 e o outro em 2000 provavelmente têm muito pouco em comum. Isso porque cada um nasceu em um contexto histórico diferente e numa época em que a comunicação tornou-se globalizada.

Partindo do princípio de que essa família era de classe média com bom acesso à tecnologia, o filho caçula pode ser um Gen Z nascido 100% digital. Em contrapartida, o primogênito experimentou os desafios do analógico, com a surpresa dessa transição.

Um comportamento que pode ser consequência disso? A paciência. Esperar pela conexão discada funcionar para acessar a internet é uma vivência que torna a facilidade da banda larga e do wi-fi completamente encantadoras.

Mas o irmão mais novo não sabe o que é isso. Sua primeira experiência já foi a partir dessa facilidade e isso faz com que qualquer interrupção nesse sistema pareça muito mais penosa do que para quem já precisou lidar com algo de qualidade inferior. Faz sentido?

Pois bem. Agora, imagine todas as outras influências sociológicas que moldaram você e seus pais. Não é à toa que existem pontos de tensão. A boa notícia é que eles podem ser superados por meio do diálogo, como você verá a seguir.

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Entendendo o lado deles 

Para conseguirmos entrar em mais detalhes, vamos considerar os pais nascidos entre 1960 e 1979: ou seja, a Geração X, filhos dos famosos boomers. Quais foram as principais influências que eles sofreram durante suas vidas?

Significativos avanços tecnológicos, com o desenvolvimento dos computadores pessoais, a popularização dos videogames e a emergência da internet. Isso afetou em especial suas formas de trabalho que já estavam sofrendo um abalado pelas crises econômicas que se seguiram nesse período.

Em meados dos anos 1970, houve a Crise do Petróleo. Depois, houve a recessão dos anos 1980, com forte inflação, volatilidade do mercado e desvalorização da moeda. Vale lembrar que, essa geração passou a juventude e/ou a infância em meio à Ditadura Militar.  

Assim, um pensamento da Geração X que gera bastante choque geracional entre pais e filhos é a desvalorização do sonho profissional. Em tempos tão difíceis, o mais certo era passar em um concurso público ou encarar apenas profissões com estabilidade.

Esse foi um período também marcado por diversos protestos que buscavam justiça social e igualdade para as minorias. Stonewall, o movimento pelos direitos civis da população preta nos Estados Unidos, a luta antimanicomial e o feminismo são alguns exemplos.  

Porém, quem colhe os frutos de mudanças estruturais assim é quase sempre a geração seguinte. Portanto, quem participou ou apenas assistiu tais manifestações ainda tinha liberdade para vivê-las, sendo muitos inclusive resistentes ao que elas poderiam representar.

Em geral, a Geração X tem por característica:

• O ideal da autossuficiência;
• A necessidade de servir aos outros;
• O pragmatismo;
• Uma visão cética do mundo.

Como tudo isso impacta a relação dos pais com a própria saúde?

Seu pai ou sua mãe por acaso veem autocuidado como vaidade? Ou por terem “sobrevivido bem” sem uma rotina de exercícios físicos pela falta de acesso acreditam que ir à academia e praticar esportes é bobagem?

É, estes choques geracionais com certeza não acontecem somente com você. E são obstáculos bastante difíceis de transpor. O maior, contudo, ainda é o tratamento da saúde mental pelo que citamos antes.

Além de psicólogos e psiquiatras não serem tão acessíveis como hoje pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pela rede suplementar, a psicofobia era um grande problema. Havia pouco entendimento sobre os distúrbios mentais, como a esquizofrenia e a bipolaridade.

Inclusive, esse é um dos motivos pelo qual muitos adultos têm descoberto tardiamente que sempre possuíram Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou estavam no espectro do autismo.

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Atitudes que ajudam a superar o choque geracional

Todas as atitudes que vamos citar aqui estão relacionadas a soft skils. A primeira delas é o diálogo aliado à escuta ativa. Depois de ter lido o tópico anterior, você certamente já está mais bem preparado para isso.

Entender o lado do outro também é um exercício de empatia, o que é bom para qualquer pessoa que deseja fazer Medicina. Afinal, se lidar com o choque geracional com seus pais já é difícil, imagine com os estranhos que serão seus pacientes?

Por fim, é fundamental não ser preconceituoso. O etarismo colocará mais barreiras entre você e eles, pois ninguém gosta de ser subestimado por quem se é ou, neste caso, pela idade que tem.

É provável que eles sejam etaristas com você, dizendo que por ser mais jovem não sabe o que está dizendo? Sim, mas você não vai superar o choque geracional entre vocês sendo igual a eles.

Vai ser muito útil a você selecionar estudos, palestras e notícias que sustentem seu ponto de vista para convencê-los. Melhor ainda se você encontrar um profissional reconhecido na mídia que ele admire defendendo a sua ideia.

Reservamos o último tópico para falar sobre os principais problemas de saúde que afetam pessoas mais velhas. Veja com o que você talvez precise lidar à medida que seus pais forem envelhecendo.

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Invertendo os papéis 

Com o avanço da idade, ocorrem mudanças naturais no corpo e no funcionamento do nosso organismo. Alguns dos principais problemas de saúde que tendem a aparecer incluem as doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial e o acidente vascular cerebral (AVC).

Também são mais comuns os casos de diabetes tipo 2, em especial entre pessoas com sedentárias e acima do peso, e de enfermidades respiratórias. E o medo das quedas, tem procedência? Com certeza!

Manter uma rotina de exercícios pode ajudar muito a melhorar a mobilidade, a flexibilidade e a força, que perdemos com o tempo. Assim, há um menor risco de acontecerem fraturas visto que pessoas mais velhas têm menor densidade óssea, o que pode chegar a um quadro de osteoporose.

Por falar no sistema locomotor: problemas articulares também ocorrem com mais frequência, como a artrite reumatoide. Isso tanto quanto perda de visão e de audição, doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e o Alzheimer.

Em suma, o envelhecimento compromete o corpo como um todo. Só que isso não deve ser visto como uma sentença, mas como um obstáculo a ser superado na medida do possível.

Quanto mais ativo o adulto ou o idoso for, priorizando um estilo de vida saudável, melhor será a sua saúde. Lembrando que ficar mais velho também levanta questões de realização pessoal e de trabalho, que podem desencadear quadros de depressão.

Nessas horas, o choque geracional precisa ser superado com a inversão dos papéis. Cuidar de perto, acompanhar em consultas médicas, e orientar quanto aos tratamentos medicamentosos como eles fizeram quando você era pequeno.

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