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Câncer de bexiga: por que os números são um sinal de alerta para jovens

Ocorreram mais de 1 milhão de mortes em 2019, e a estimativa é de que haverá ainda mais casos de câncer de bexiga fora da faixa etária padrão até 2030.

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Historicamente, a frequência da incidência do câncer de bexiga foi sempre maior em pessoas acima dos 55 anos, com 90% dos casos ocorrendo a partir dessa faixa etária. Por esse motivo, o avanço da idade é considerado um fator de risco – sendo recomendável um acompanhamento mais próximo com o médico diante de qualquer sintoma.

Essa deve ser a sua referência para compreender o termo “jovens”. Não necessariamente estamos falando apenas sobre quem tem entre 18 e 30 anos. O que de fato aconteceu nos últimos 30 anos foi um aumento de 79% do número de casos na população com menos de 50 anos.

Ainda de acordo com a revista científica BMJ Oncology, a fatalidade do câncer de bexiga também cresceu entre essas pessoas. Foram mais de 1 milhão de mortes em 2019 – 28% a mais do que em 1990.

Dados mais recentes do Sistema de Informações do Ministério da Saúde (SIH/SUS) revelaram mais de 110 mil casos da doença desde então apenas no Brasil. Veja a seguir quais são as possíveis causas por trás desse cenário segundo pesquisadores da área.

O que está por trás dessa crescente?

O avanço do câncer de bexiga entre pessoas mais jovens no Brasil está associado a alguns fatores que sempre foram considerados de risco para a população num geral. São eles: a obesidade, o tabagismo e a falta de compromisso com um estilo de vida saudável.

Uma pesquisa realizada em 2022 revelou que houve um crescimento significativo do número de adultos obesos no mundo. Entre as mulheres, os números passaram de 11,9% para 32%, e de 5,8% para 25% entre os homens.

Fumantes têm três vezes mais chances de desenvolver a doença, o que faz do tabagismo o principal comportamento de risco para o câncer de bexiga. Infelizmente, entre 2018 e 2022, o consumo de cigarros eletrônicos aumentou de 500 mil usuários para 2,2 milhões apenas no Brasil.

Com base nesse cenário e no avanço ocorrido nas últimas três décadas, estima-se que casos precoces de câncer de bexiga serão ainda mais comuns até 2030. É provável também que as mortes associadas à doença aumentem em 21%, com pessoas na faixa dos 40 anos sendo as mais afetadas.

Quem precisa tomar mais cuidado?

Além dos fatores de risco comportamentais e mutáveis, existem os fatores que não podem ser modificados. Assim, as pessoas que precisam estar mais atentas a qualquer sintoma têm as seguintes características:

  • Brancas – 2x mais chance do que pessoas pretas;
  • Homens cisgêneros;
  • Histórico de esquistossomose;
  • Histórico de infecções urinárias e cálculos renais recorrentes;
  • Histórico de carcinomas uroteliais;
  • Presença rara do úraco após o nascimento;
  • Presença de mutação do retinoblastoma;
  • Doença de Cowden;
  • Síndrome de Lynch;
  • Ex-pacientes quimioterápicos.

Sintomas e diagnóstico precoce: por que a vigilância é crucial?

Todo mundo, independentemente da idade, precisa estar alerta quanto aos sintomas do câncer de bexiga. Principalmente as pessoas que são obesas, fumantes ou têm alguma das características citadas anteriormente, por estarem inseridas em categorias de maior risco.

Os sinais mais comuns da doença incluem:

  • Sangue na urina;
  • Dor ou ardor ao urinar;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Urgência urinária;
  • Dor na região inferior do abdômen;
  • Incontinência urinária;
  • Dificuldade em urinar;
  • Dor nas costas.

Esses sintomas não são exclusivos do câncer de bexiga e podem ser causados por outras condições, como infecções urinárias ou cálculos renais. No entanto, se alguém apresentar esses sintomas, especialmente se forem persistentes ou piorarem, é importante procurar um médico para avaliação e diagnóstico adequados.

Estatísticas que trazem otimismo

Um comportamento de risco que corrobora para o desenvolvimento do câncer de bexiga é o consumo de álcool, e nós não mencionamos isso antes por um motivo. Pesquisas recentes revelaram que, em diversos países, a atual geração de jovens consome menos bebida alcóolica em comparação a seus pais e avós na juventude.

O estudo analisou a realidade de adolescentes de 12 a 18 anos em 39 nações da América do Norte, Europa e Oceania. Em sua maioria, a tendência atual é de queda, superando os 50% na Noruega, Suécia e Lituânia e até ultrapassando os 80% na Islândia.

Mais surpreendente ainda foi o levantamento da Drinkaware, uma organização britânica. Segundo os pesquisadores, 26% da população entre 16 e 24 anos não consomem nenhum nível de álcool.

E no Brasil? A geração Z, que hoje tem idade entre 14 e 27 anos, também está seguindo o padrão desses países. De acordo com o Relatório Covitel de 2023, o consumo de álcool dentro dessa faixa etária caiu de 10,7% para 8,1% em relação ao período anterior à pandemia da COVID-19.

Além disso, 62% declararam já ter pensado em reduzir o consumo de álcool, e 79% dos que tomaram essa decisão conseguiram alcançar sua meta. Vale lembrar que o ato de beber aumenta o risco não apenas do câncer de bexiga, mas de outros tipos também, como boca, laringe, faringe, esôfago, fígado, mama e intestino.

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