Avanços do tratamento da AIDS no Brasil
Nesta entrevista, o professor Flávio Figueiredo trouxe reflexões interessantes sobre o combate à AIDS para você que deseja cursar Farmácia. Confira!
No ano de 1980, o Brasil registrou o primeiro caso de AIDS no país. À época, o mundo todo passava por uma epidemia da doença, com muito pouco conhecimento sobre suas causas, o que dificultava a busca por um tratamento eficaz. Infelizmente, muitas vidas foram perdidas até sermos capazes de produzir medicamentos que garantiam uma vida estável aos pacientes soropositivos. Hoje, a realidade das pessoas que convivem com o HIV é bem diferente de quando as pesquisas começaram e nós convidamos alguém especial para falar sobre este assunto.
Em entrevista ao BlogVest, o professor Flávio Figueiredo, coordenador e docente do curso de Farmácia da FASA Moc, trouxe reflexões interessantes para você que deseja ingressar no curso. Confira abaixo!
1) Quais têm sido os indícios de que o tratamento contra o HIV está evoluindo?
Os avanços em melhoria do tratamento do HIV são demonstrados, sobretudo, pela diminuição da mortalidade pela AIDS. Assim como, pela melhora da qualidade de vida e saúde dos indivíduos tratados.
Além disso, um ponto importante é que, geralmente, indivíduos tratados de forma correta apresentam carga viral baixa e podem não serem mais capazes de transmitir o vírus. Fato é que, com o devido tratamento, eles seguem suas vidas normalmente, semelhantes às pessoas não infectadas e/ou que apresentam doenças crônicas.
Ao levar em consideração a história do HIV no mundo, essas evidências são marcos importantes. Afinal, por muito tempo a infecção pelo vírus representava uma sentença de morte.
2) Quantas classes de medicamentos existem contra o HIV? Quais são elas?
Hoje, nós temos cinco classes de medicamentos que podem compor a terapia antirretroviral. São elas: inibidores nucleosídeos de transcriptase reversa; inibidores não nucleosídeos de transcriptase reversa; inibidores de protease; inibidores de fusão; e inibidores de integrasse.
Resumidamente, esses medicamentos atuarão impedindo a replicação do vírus, fazendo com que a carga viral diminua a níveis muitas vezes indetectáveis. O que é algo muito positivo. A escolha dos medicamentos a serem utilizados será feita com base em protocolos estabelecidos por especialistas, de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil. Essa escolha pelo médico com base considerando as características clínicas de paciente.
Vale destacar que o tratamento do HIV é feito de forma gratuita pelos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). É muito importante que o indivíduo faça o teste sorológico e que, caso seja positivo, ele tenha acesso ao tratamento o mais precocemente possível. Além disso, o acompanhamento pela equipe multiprofissional de saúde é muito importante para que a pessoa tenha a sua saúde física e mental favorecida.
3) Quais foram os principais marcos da produção de remédios contra a doença no Brasil?
Os marcos mais importantes da produção de medicamentos contra o HIV no Brasil foram a disponibilização destes de forma gratuita pelo SUS e a quebra de patentes que culminaram no aumento do acesso ao tratamento. Estes dois acontecimentos trouxeram melhorias à qualidade de vida e à saúde dos indivíduos infectados.
4) Quais são as principais diferenças entre o AZT utilizado na década de 1980 para os medicamentos atuais?
A zidovudina, conhecida como AZT, foi o primeiro fármaco utilizado para tratar o HIV no mundo. A sua identificação representou um avanço importante no tratamento da AIDS e foi tido como uma esperança para a pandemia.
Por muito tempo, o tratamento foi feito apenas com ele. Contudo, hoje, o tratamento é feito por meio de terapia combinada, que consiste no uso de duas ou mais substâncias. Isso dificulta o surgimento de mecanismos de resistência por partes do vírus HIV e aumenta tanto a eficácia quanto a segurança do tratamento. Os medicamentos que temos hoje também promovem uma melhor adesão ao tratamento, diminuindo efeitos colaterais e toxicidade.
5) Quais agentes sociais estão envolvidos na produção e pesquisa de novos fármacos? O que fomenta a inovação neste meio?
A busca e a produção de novos fármacos são feitas por pesquisadores vinculados a instituições de pesquisa como indústrias, centros de pesquisa e universidades. No Brasil, por exemplo, temos a FIOCRUZ, uma instituição respeitada em todo o mundo.
A motivação para a pesquisa de novos fármacos contra o HIV é a necessidade de novas possibilidades de tratamentos que melhorem cada vez a qualidade de vida e saúde da população que vive e convive com o vírus. Há também a curiosidade e o entusiasmo dos cientistas que fazem disso uma causa de vida.
O fomento à pesquisa é dado por indústrias, instituições governamentais e não-governamentais. No Brasil, temos o CNPq, a CAPES e as Fundações de Amparo à Pesquisa de cada estado. E muito importante que ocorra o financiamento das pesquisas que envolvam não somente o HIV, mas de outras doenças, uma vez que dependemos das evidências geradas nesses estudos para avançarmos no manejo das enfermidades.
6) Como o estudante de Farmácia interessado neste assunto deve conduzir sua graduação? E o que ele pode esperar do mercado de trabalho?
O profissional farmacêutico, por ter um campo de atuação vasto, está envolvido em diversos pontos do manejo clínico do HIV. Há, por exemplo, a assistência para o acesso ao diagnóstico e tratamento do HIV, bem como a pesquisa básica e aplicada para a descoberta de novos fármacos e kits de diagnóstico.
Também existem farmacêuticos que trabalham nas indústrias, atuando diretamente na produção de medicamentos, os que realizam os testes de diagnóstico em laboratórios e centros de testagem, os que atuam nas farmácias públicas fazendo a dispensação dos medicamentos utilizados no tratamento.
Por fim, há aqueles que atuam nos órgãos públicos e de regulação, como a ANVISA, responsáveis pela gestão das políticas de saúde. Portanto, é muito importante que o estudante de farmácia se envolva nas atividades de estágios curricular e extracurricular; participe de projetos integradores e de iniciação cientifica; e atenda a eventos científicos da área.
Professor Flávio Figueiredo
Créditos: Divulgação/MKT Fasa Moc
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